Carlos Borges, vice-presidente de Tecnologia e Sustentabilidade, destaca importância da colaboração entre setores no podcast FiaCast
O segundo episódio do FiaCast, podcast da FIA Business School, reuniu especialistas para debater transformação urbana e sustentabilidade em preparação ao evento Horizons 2025. A conversa foi conduzida pela apresentadora Aline Pimentel e contou com a participação de Armando Júnior, secretário-adjunto de Desenvolvimento Econômico e Trabalho da Prefeitura de São Paulo; Carlos Borges, vice-presidente de Tecnologia e Sustentabilidade do Secovi-SP; e Mônica Kruglianskas, coordenadora adjunta do Programa de Gestão Estratégica de Sustentabilidade Socioambiental da FIA Business School.
A colaboração entre diferentes esferas foi o ponto de partida da discussão. Armando Júnior explicou como surgiu a parceria entre a Secretaria, a AdSampa e o Horizons 2025, destacando que existe uma sinergia de temas entre a FIA, o Secovi-SP e a Prefeitura de São Paulo, principalmente no setor de sustentabilidade. O secretário-adjunto mencionou o programa Green Sampa e o Hub Green Sampa, onde a Prefeitura apoia empreendedores e startups que promovem sustentabilidade, conectando-as com empresas que podem implementar suas soluções.
Carlos Borges foi direto ao abordar o papel do setor imobiliário na questão da sustentabilidade urbana. “O setor imobiliário é parte do problema e parte da solução”, afirmou o vice-presidente do Secovi-SP, destacando que a solução para cidades mais sustentáveis “parte do poder público, da iniciativa privada, da academia, de uma construção realmente colaborativa”.
O executivo enfatizou a relevância das cidades no debate sobre sustentabilidade, lembrando que “87% da população pelo último censo do IBGE mora nas cidades” e que já estamos “vivendo uma série de desafios importantes como relacionados às mudanças climáticas, às ilhas de calor, às enchentes, à falta de infraestrutura”.
Questionado sobre o retrofit como frente da próxima década, Carlos Borges foi categórico: “Não tenho a menor dúvida. O Retrofit já é uma frente importante. Ele está focado especialmente nas áreas centrais das grandes cidades brasileiras”.
O especialista explicou a lógica econômica e sustentável por trás dessa tendência: “É mais barato e mais sustentável a gente conservar do que a gente fazer construções novas. E isso está associado a uma escassez de terrenos em regiões onde as pessoas querem morar ou trabalhar”. Para Borges, o retrofit “é a bola da vez do mercado imobiliário”.
Mônica Kruglianskas explicou como o Horizons 2025 evoluiu desde sua primeira edição, crescendo significativamente e ampliando a diversidade de vozes participantes. A coordenadora destacou que o evento nasceu dentro de uma escola de negócios voltado inicialmente para o setor privado, mas rapidamente perceberam que sem a participação ativa do setor público e da sociedade civil, a discussão e a ação ficavam limitadas.
Carlos Borges revelou a filosofia que norteia o trabalho do Secovi-SP: “Nós no Secovi-SP temos uma visão de que, se não é bom para a cidade, não é bom para o setor imobiliário”. Esta visão se traduz em ações práticas, como ele explicou: “A gente trabalha com a frente dos empreendimentos propriamente ditos, fomentando o inventário de carbono, a mitigação, fomentando a construção sustentável, a formalidade”.
O vice-presidente destacou ainda a importância do diálogo com o poder público: “Ao mesmo tempo trabalhando com esse contato permanente com o Poder Público, no sentido de ajudar, influenciar, colaborar com políticas públicas que retroalimentam os próprios empreendimentos”.
Mônica Kruglianskas esclareceu que o Horizons 2025 busca destacar inovações que rompem silos, geram impacto e criam valor real. Embora atentos às inovações tecnológicas, incluindo inteligência artificial, a coordenadora enfatizou que também dão protagonismo à inovação social, cultural e institucional. Ela citou como exemplo novas formas de parcerias e maneiras de provocar liderança e justiça climática no setor financeiro.
Armando Júnior compartilhou dados concretos das ações da Prefeitura de São Paulo, mencionando a Agenda 2030 municipalizada, onde das 169 metas da ONU, 135 foram adaptadas para o contexto municipal, com 80% das 655 ações já concluídas. O secretário-adjunto destacou iniciativas como o maior plantio de mudas da história de São Paulo (120 mil árvores em 2025), criação de novos parques e praças, e a desapropriação de 1% do território da cidade para preservação de mata verde – uma área equivalente ao tamanho de Paris.
Ao ser provocado sobre exemplos práticos de transformação no setor, Carlos Borges apontou para uma mudança de mentalidade empresarial. “O maior ganho para mim é a conscientização das empresas de que o caminho hoje é a criação realmente de valor compartilhado”, disse.
Carlos Borges foi enfático sobre a necessidade de trabalho conjunto entre os setores: “Seria essencial, fundamental, é pré-requisito para a gente ter resultado. É um trabalho conjunto, todos nós somos cidadãos”.
O vice-presidente do Secovi-SP exemplificou como essa colaboração beneficia o mercado imobiliário: “Quando a gente tem uma cidade mais permeável, uma melhor drenagem, a gente tem jardins de chuva, a gente tem soluções para as ilhas de calor, a gente também valoriza o próprio mercado imobiliário”.
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